Romance de Alexandre: as implicações da sua “pseudoficcionalidade” na história do gênero
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v33i1.899Palavras-chave:
Romance de Alexandre, poligênese do romance, teoria do romance, teoria da ficção.Resumo
Pela definição de Gregory Currie, o Romance de Alexandre é uma “pseudoficção”: um texto que hoje se dá a ler como ficcional, mas que originalmente possuía certo status de verdade, num limiar incerto entre a ficção, a história e a lenda. Isso pode fazer com que ele não pareça exemplar de um gênero que, em regra, tem a ficcionalidade como atributo constitutivo. Esse é, no entanto, um pressuposto que este artigo pretende reabrir, indicando: 1) a concepção tradicional da história do romance que lhe subjaz, a ser substituída, aqui, pela proposição da poligênese do gênero; 2) a discussão sobre o lugar da ficcionalidade num conceito renovado de romance, que atenda ao aumento do corpus implicado na teoria da poligênese. A partir desse enquadramento da teoria e da história do romance, passando pela teoria da ficção, o artigo propõe que, se a marginalidade inicial do romance na cultura erudita se deveu, entre outros motivos, à ambiguidade epistêmica da ficção perante o saber institucionalizado, o status epistêmico ambíguo do Romance de Alexandre pode ter sido importante para a formação do romance, gênero que cavaria para a ficção um domínio social rotinizado. A “pseudoficcionalidade” daquele texto teria colaborado para abrir espaço, no campo letrado, para a exploração aberta da ficcionalidade, assegurando, retrospectivamente, o seu lugar na história do romance.
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