Piedade (éleos) e a necessidade da guerra na Ilíada de Homero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24277/classica.v33i2.851

Palavras-chave:

Homero, Ilíada, guerra, piedade, Aquiles.

Resumo

O número de conflitos com as mais diferentes causas (geopolíticas, econômicas, sociais, religiosas, étnicas etc.) que, pela sua violência e/ou por razões retóricas, são rotulados como guerra (amiúde do bem contra o mal) só faz aumentar. Tendo em vista esse contexto contemporâneo, proponho discutir se e como a Ilíada, poema no qual a Guerra de Troia é pensada como uma forma de retribuição ou vingança, abre certos espaços de ação (livre?) externos à necessidade da aniquilação do outro intrínseca a tal enfrentamento bélico, em particular, manifestações de piedade em relação ao inimigo.

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Biografia do Autor

  • Christian Werner, Universidade de São Paulo

    Professor Livre-docente de língua e literatura grega, Departamento de Letras e Vernáculas, Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas. Líder do grupo de pesquisa Gêneros poéticos na Grécia antiga: tradição e contexto (CNPq/USP) e pesquisador dos grupos Estudos sobre o Teatro Antigo (CNPq/USP) e Democracia: discursos gregos, desafios atuais (CNPq/USP). Bolsista de Produtividade em pesquisa do CNPq. Autor de Memórias da Guerra de Troia: a performance do passado épico na Odisseia de Homero (Coimbra 2018) e de uma tradução da Odisseia (São Paulo, 2014; 2a ed. 2018) e da Ilíada (São Paulo, 2018).

     

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Publicado

2020-12-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Werner, C. (2020). Piedade (éleos) e a necessidade da guerra na Ilíada de Homero. Classica - Revista Brasileira De Estudos Clássicos, 33(2), 11-28. https://doi.org/10.24277/classica.v33i2.851