A aemulatio senequiana: o caso da tragédia Agamêmnon
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v33i1.699Palavras-chave:
Agamêmnon, tragédia, Ésquilo, Sêneca, aemulatio.Resumo
Apresentado em 458 a.C, o drama esquiliano Agamêmnon faz parte da trilogia Oresteia, obra aclamada em toda a Antiguidade e que serviu de parâmetro para muitos autores posteriores. Já a tragédia homônima de Sêneca foi escrita entre os anos de 40 e 65 d.C., e chegou até a modernidade com intrigantes questões de composição. O presente artigo dedica-se a analisar algumas passagens que correspondem a um diálogo direto entre a tradição grega e a romana a partir do conceito de emulação (aemulatio). Para os críticos antigos, não bastava que o autor realizasse a imitação (imitatio) de uma obra. O literato deveria tentar se igualar a seu predecessor. Dessa forma, embora muitos estudiosos questionem as fontes de inspiração do autor romano e outros refutem ter Sêneca emulado a tragédia de Ésquilo, pretende-se mostrar que há inúmeros elementos que merecem atenção e que aproximam os dois dramas.Downloads
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