A significação das estruturas formulares dos epimítios da fábula esópica anônima

Autores

  • Maria Celeste Consolin Dezotti Departamento de Linguística Faculdade de Ciências e Letras Universidade Estadual Paulista Campus de Araraquara

DOI:

https://doi.org/10.24277/classica.v5i1.549

Palavras-chave:

Esopo, fábulas, epimítios, linguística, literatura grega, Grécia.

Resumo

Este trabalho apresenta os resultados da análise da organização textual das fábulas esópicas anônimas. O exame das marcas linguísticas que fazem a coesão textual dos dois textos constitutivos da fábula – a narrativa e o epimítio – mostrou que a fábula é um gênero discursivo que se configura como um tipo particular de ato de palavra realizado por meio de uma narrativa que se deve interpretar segundo as orientações de seu locutor. Nas fábulas de coleções anônimas, estas orientações se acham explicitadas linguisticamente por verdadeiras fórmulas metalinguísticas, situadas, topicamente, no início do epimítio. Pode-se demonstrar o estatuto formular destas expressões metalinguísticas tanto pela sua constante repetição em um grande numero de fábulas, como, e sobretudo, pela elevada frequência das marcas de elipses nominais, verbais e oracionais que estas formulas apresentam. Observou-se, também, que a recuperação das unidades lexicais que completam os esquemas subjacentes as construções elípticas se torna possível somente se se recorrer a outras fábulas do corpus. Estes fatos nos permitem pressupor a existência de paradigmas de fórmulas acumuladas na competência linguística do locutor e do ouvinte grego, do mesmo modo que nos revelam um engajamento da fábula esópica para assinalar linguisticamente sua condição de enunciado.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ADRADOS, F. R. Estudio sobre el léxico de las fabulas esópicas (en tomo a los problemas de la koiné literária. Salamanca: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1948. (Theses et Studia Philologica Salmanticencia, 11).

ADRADOS, F. R. Prolegomenos al studio de la fabula en epoca helenistica. Emerita: Revista de Linguística y Filología Clássica, Madrid, v. XLVI, p. 1-81, 1978.

ADRADOS, F. R. La Fabula griega como genero literario. In: DELGADO, J. A. F. (Ed.) Estudios de forma y contenudo sobre los generos literarios griegos. Caceres: Universidad de Extremadura, 1982. p. 33-46.

ADRADOS, F. R. Les collections de fables à l'époque hellenistique et romaine. In: La Fable, V. Entretiens sur l’Antiquité Classique. Genève: Fondation Hardt, 1984. p. 138-195.

ARISTOTE. Rhétorique. Texte établi et traduit par M. Dufour et A. Wartelle. Paris: Les Belles Lettres, 1973.

AUSTIN, J. L. Quand dire, c’est faire. Paris: Seuil, 1970.

BENVENISTE, É. "Fas". Le Vocabulaire des Institutions Indo-Européenes. Paris: Minuit, 1970. v.2, p. 133-142.

CHERCHI, L. L’éllipse comme facteur de cohèrence. Langue Francaise, Paris, v. 38, p. 118-128, 1978.

DENNISTON, J. D. The Greek Particles. Oxford: Clarendon Press, 1966.

ÉSOPE. Fables. 3. tirage. Texte établi et traduit par É. Chambry. Paris: Les Belles Lettres, 1967.

GASPAROV, M. L. O tema e a ideologia das fábulas de Esopo. (em russo). Vestnik Drevnej Istorei. Moskva, 1968. 105, p. 116-127.

HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. Cohesion in English. London: Longman, 1976.

KOCH, I. G. V. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Cortez, 1984.

LIMA, A. D. A forma de fábula. Significação. Revista Brasileira de Semiótica, Araraquara, v. 4, p. 60-69, 1984.

NOJGAARD, M. La Fable Antique. Copenhague: Nyt Nordish Forlag, 1964. v.1.

PERRY, B. E. Babrius and Phaedrus. London: Heineman, 1975 (Loeb Classical Library).

SULEIMAN, S. Les récit - exemplaire. Parabole, fable, roman à these. Poetique, Paris, v. 32, p. 468-489, 1977.

VERNANT, J-P. Mythe et société en Grèce Ancienne. Paris: F. Maspero, 1974.

Downloads

Publicado

1993-12-01

Edição

Seção

Filosofia, Literatura, História, Antropologia

Como Citar

Dezotti, M. C. C. (1993). A significação das estruturas formulares dos epimítios da fábula esópica anônima. Classica - Revista Brasileira De Estudos Clássicos, 5(1), 117-132. https://doi.org/10.24277/classica.v5i1.549