Culto heróico, cerimônias fúnebres e a origem dos Jogos Olímpicos
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v9i9/10.511Palavras-chave:
Grécia, Olímpia, jogos olímpicos, jogos fúnebres, culto heróico, cultos agrários.Resumo
Organizados e instituídos em 776 a.C., em Olímpia, os Jogos Olímpicos recuam, entretanto, no tempo, quando suas origens se identificam com a própria história do santuário. Referências significativas em Píndaro (Olímpicas), e em Pausânias (5,13) apontam para o mito de Pélope, herói local que havia vencido em duelo Enomau, pai de Hipodâmia, num rito nupcial e de sucessão ao trono, façanha que o prestigiou, após a sua morte, com um santuário caracterizado como um herôon, em cujas proximidades Héracles, seu descendente, deu início à prática de Jogos Fúnebres em sua honra. Pode-se supor que antes de consagrar Zeus em Olímpia, os concursos atléticos tenham homenageado Pélope. À menção de Pausânias, acrescentam-se as descobertas arqueológicas que identificaram e recuperaram o túmulo de Pélope - o Pelópion, cujos vestígios remontam ao início do I rnilênio a.C., evidenciando tratar-se da primeira instalação de caráter cultual no santuário de Olímpia. Desses Jogos Fúnebres tem-se uma ideia mais precisa com base nos funerais de Pátroclo tal como os registram a poesia homérica e as representações figuradas arcaicas que, como todas as cerimônias funerárias na Grécia antiga, correspondiam a um ritual de revigoração do morto e, em consequência, da comunidade. Neste contexto, enriquece-se o sentido dos Jogos Olímpicos na Grécia antiga que, em sua origem, estariam também vivificando o grupo social.
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