Um estudo de caso sobre o uso do artigo em inscrições dialetais gregas
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v36.2023.1042Palavras-chave:
Língua Grega Antiga; Inscrições Gregas; Dialetos Gregos; Definitude; Artigo Definido.Resumo
O propósito deste trabalho é discutir o uso do artigo definido com nomes comuns em grego antigo (GA), com base em um estudo de caso sobre as ocorrências de ἡμέραις (hēmerais/dia.dat.pl) em inscrições epigráficas. Propomos que o uso do artigo nas inscrições pode ser explicado pela gramaticalização da identificabilidade (Lyons, 1999). Sabendo que o artigo surgiu no GA pela gramaticalização do pronome demonstrativo (Roberts; Roussou, 2003), postulamos que, quanto ao seu uso, ele começou marcando contextos em que os referentes dos nomes eram identificáveis pela descrição que recebiam, e, no estágio diacrônico em que encontramos a língua (nosso corpus contém inscrições de V a.C. a III d.C.), ela formalizou alguns contextos para serem marcados como definidos, com artigo, partindo dos prototipicamente identificáveis, e outros para não o serem. Notadamente, os nomes anafóricos ou modificados por adjuntos de sentido qualitativo sempre são articulados, enquanto adjuntos de sentido quantitativo ocorrem com nomes que não são articulados, de modo geral. Como consequência, a distribuição da presença e ausência de artigo não aconteceu uniformemente ao longo de todas as variantes do GA: apenas o dialeto de Gortina marca com artigo contextos sem modificador qualitativo ou anáfora, mas apenas com quantificação. A primeira seção deste trabalho apresenta os estudos de definitude no GA. A segunda discute as ocorrências em que o núcleo nominal recebe modificadores. A terceira seção analisa as ocorrências em que o nome recebe artigo havendo apenas modificador numeral cardinal. Na quarta seção reunimos as conclusões da análise.
Downloads
Referências
BAKKER, Stephanie. The noun phrase in Ancient Greek. A functional approach. Amsterdam: Brill, 2009.
BEAN, George E. Notes and Inscriptions from Caunus (continued). The Journal of Hellenic Studies, v. 74, p. 85-110, 1954.
BOAS, Evert van Emde; RIJKSBARON, Albert; HUITINK, Luuk; de BAKKER, Mathieu. The Cambridge grammar of Classical Greek. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.
GAGARIN, Michael; PERLMAN, Paula. The Laws of Ancient Crete. Oxford: Oxford University Press, 2016.
GILDERSLEEVE, Basil Lanneau. Syntax of Classical Greek. From Homer to Demosthenes. New York: American Book Company, 1911. v. 2.
HAWKINS, John A. Definiteness and indefiniteness. A study in reference and grammaticality prediction. London: Croom Helm, 1978.
HOPPER, Paul J.; TRAUGOTT, Elizabeth. Grammaticalization. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.
KÜHNER, Raphael; GERTH, Bernhard. Ausführliche Grammatik der griechischen Sprache. Zweiter Teil. Hannover/Leipzig: Hahnsche Buchhandlung, 1870.
LAMBRECHT, Knud. Information structure and sentence form. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.
LÖBNER, Sebastian. Definites. Journal of Semantics, v. 4, p. 279-326, 1985.
LYONS, Christopher. Definiteness. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.
MANOLESSOU, Io; HORROCKS, Geoffrey. The development of the definite article in Greek. In: The Annual Meeting of the Department of Linguistics, School of Philology, 2006, Thessaloniki. Proceedings [...]. Studies in Greek Linguistics, v. 27, Aristotle University of Thessaloniki, May 6-7, 2006, p. 224-36.
NAPOLI, Maria. Aspects of definiteness in Greek. Studies in Language, v. 33, n. 3, p. 569-611, 2009.
NAPOLI, Maria. Functions of the Definite Article from Classical Greek to New Testament Greek. In: KING, Daniel (ed.). The Article in Post-Classical Greek. Dallas: Summer Institute of Linguistics, 2019.
PROBERT, Philomen. Early Greek relative clauses. Oxford: Oxford University Press, 2015.
PURPURA, Gianfranco. Il regolamento doganale di Cauno e la lex Rhodia in D. 14, 2, 9. Seminario Giuridico dell’Università di Palermo, Palermo, 1985. Annali del Seminario Giuridico dell’Università di Palermo. Palermo, v. 38, 1985, p. 273-331.
ROBERTS, Ian; ROUSSOU, Anna. Syntactic change. A minimalist approach to grammaticalization. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
SANSONE, David. Towards a new doctrine of the article in Greek. Some observations on the definite article in Plato. Classical Philology, v. 88, p. 191-205, 1993.
SCHWYZER, Eduard. Griechische Grammatik, zweiter Band: Syntax und syntaktische Stilistik. München: C. H. Beck’sche Verlagsbuchhandlung, 1950.
SMYTH, Herbert Weir. Greek Grammar. Cambridge: Harvard University Press, 1920.
WILLETS, Ronald F. The Law Code of Gortyn. Berlin: de Gruyter, 1967.
WILSON, Nigel. Herodoti Historiae – Oxford Classical Texts. Oxford: Clarendon Press, 2015.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Luís Alberto Goulart Firmino, José Marcos Mariani de Macedo
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após o processo editorial (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d. Autores autorizam a cessão, após a publicação, de seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais, bases de dados de acesso público e similares.