As arengas militares nas Helênicas de Xenofonte
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v36.2023.1031Palavras-chave:
Xenophon; Hellenika; speech; military harangues.Resumo
As arengas militares – discursos de exortação antes das batalhas – tornaram-se parte integrante da escrita das obras historiográficas antigas, especialmente a partir do modelo criado por Tucídides, que fez de tais discursos uma forma de explicitar as justificativas e as táticas bélicas apresentadas ao narrar os eventos. Nesse sentido, há uma íntima relação entre o discurso (λόγοι) e as ações (ἔργα), e a presença desse tipo de discurso evidencia, por relações de estabilidade ou instabilidade, a interpretação que o historiador dá ao evento como um todo, justificando e explicando a vitória ou a derrota. Xenofonte, nas Helênicas, faz pouco uso desse expediente narrativo, e tal procedimento parece ancorar-se na sua falta de crença nesse artifício como efetivo mecanismo para instaurar coragem e disposição nas tropas, conforme é apresentado na Ciropedia. Dessa forma, o objetivo desse artigo é analisar as arengas militares nas Helênicas de Xenofonte, buscando compreendê-las como se relacionam com os eventos narrados pelo historiador e de que modo elas ajudam a evidenciar aspectos para a compreensão das cenas em que estão envolvidas.
Downloads
Referências
Albertus, Josef. Die Parakletikoi in der griechischen und romischen Literatur. Strasbourg, 1908.
ANSON, Edward. The General’s pre-battle exhortation in Graeco-Roman warfare. Grece & Rome, v. 57, n. 2, p. 304-318, 2010.
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. Trad. Maria E. Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, p. 277-326, 1997.
CERDAS, Emerson. A história segundo Xenofonte: historiografia e usos do passado. São Paulo: Unesp/Cultura Acadêmica, 2018.
CERDAS, Emerson. Estrutura e unidade da primeira parte das “Helênicas” de Xenofonte. Codex: Revista de Estudos Clássicos. Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 36-53, 2019.
DANZIG, Gabriel. The best of the Achaemenids: benevolence, self-interest and the ‘ironic’ reading of Cyropaedia. In: HOBDEN, Fiona; TUPLIN, Christopher (ed.). Xenophon. Ethical principles and historical enquiry. Leiden: Brill, 2012, p. 499-539.
Dorion, Louis-André. La responsibilité de Cyrus dans le déclin de l’empire perse selon Plato et Xénophon. In: Dorion, Louis-André. L’Autre Socrate. Études sur les écrits socratiques de Xénophon. Paris: Les Belles Lettres, 2013, p. 393-412.
Dorion, Louis-André. Hieron craint-il Simonide?: le passage “central” du Hieron selon Leo Strauss. Caliope: Presença Clássica, Ano XXXVIII, n. 41, p. 4-43, 2021.
GRAY, Vivienne. The character of Xenophon’s Hellenica. Baltimore: John Hopkins University Press, 1989.
GRAY, Vivienne. Continuous History and Xenophon, Hellenica 1-2.3.10. The American Journal of Philology, v. 112, n. 2, p. 201-28, 1991.
GRAY, Vivienne. Xenophon’s Mirror of Princes: Reading the Reflections. Oxford and New York: Oxford University Press, 2011.
HANSEN, Mogens Herman. The Battle Exhortation in Ancient Historiography: Fact of Fiction? Historia, v. 42, p. 161-80, 1993.
HANSEN, Mogens Herman. The Little Grey Horse – Henry V’s speech at Agicourt and the battle exhortation in ancient historiography, Histos, v. 2, p. 46-63, 1998.
Iglesias-Zoido, Juan Carlos. La arenga militar en Jenofonte: a proposito de Ciropedia 3.3.48-55. Norba, v. 16, p. 157-66, 1996-2003.
Iglesias-Zoido, Juan Carlos. The Battle Exhortation in Ancient Rhetoric. Rhetorica, v. 25, p. 141-58, 2007.
Iglesias-Zoido, Juan Carlos. La argumentacion en las arengas militares de Tucidides. AC, v. 77, p. 19-40, 2008.
Iglesias-Zoido, Juan Carlos. Sobre la verdadera utilidad de la parainesis en la historiografía de la época clásica: Tucidides y Jenofonte. Veleia, v. 32, p. 47-61, 2015.
KEITEL, Elizabeth. Homeric Antecedents to the cohortatio in the Ancient Historians. CW, v. 80, p. 153-72, 1987.
MARINCOLA, John. Thucydides 1. 22. 2. Classical Philology, v. 84, n. 3, p. 216-23, 1989.
McLAREN, Malcolm. A supposed lacuna at the beginning of Xenophon’s Hellenica. The American Journal of Philology, v. 100, n. 2, p. 228-38, 1979.
NICOLAI, Roberto. Historians’ Speeches in Rhetorical Education: Dionysius of Halicarnassus’ Selection from Thucydides. In: IGLESIAS-ZOIDO, Juan Carlos; PINEDA, Victoria. (ed.). Anthologies of Historiographical speeches from Antiquity to Early modern times. Leiden; Boston: Brill, 2017, p. 42-62.
Paniagua Aguilar, David. La arenga militar desde la perspectiva de la tradición polemológica greco-latina. TALIA DIXIT, v. 2, p. 1-25, 2007.
Pritchett, William Kendrick. The General’s Exhortations in Greek Warfare. In: Pritchett, William Kendrick. Essays in Greek History. Amsterdam: Brill, 1994, p. 27-109.
RAHN, Peter J. Xenophon’s developing historiography. Transactions and Proceedings of the American Philological Association, v. 102, p. 497-508, 1971.
STRAUSS, Leo. On Tyranny. An interpretation of Xenophon’s Hiero, Glencoe: The Free Press, 1948.
THOMAS, David. Introduction. In: STRASLER, Robert B. The Landmark Xenophon’s Hellenika. Translated by John Marincola with an Introduction by David Thomas. New York: Pantheon Books, 2009, p. ix-lxvi.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Tradução, prefácio e notas introdutórias de Raul. M. Rosado Fernandes e M. Gabriela P. Granwehr. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.
TUPLIN, Cristopher. The Failings of Empire. A reading of Xenophon Hellenica 2.3.11-7.5.27. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 1993.
XÉNOPHON. Cyropédie. Traduit par Marcel Bizos. Tome I e II. Paris: Les Belles Lettres, 1972; 1973.
XÉNOPHON. Cyropédie. Tome III: livres VI-VIII. Texte établi et traduit par E. Delebecque. Paris: Les Belles Lettres, 1978.
XÉNOPHON. Helléniques. Tome I (Livres I-III). Texte établi et traduit par J. Hatzfeld. Paris: Les Belles Lettres, 1973.
XÉNOPHON. Helléniques. Tome I (Livres IV-VII). Texte établi et traduit par J. Hatzfeld. Paris: Les Belles Lettres, 1965.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Emerson Cerdas
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após o processo editorial (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d. Autores autorizam a cessão, após a publicação, de seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais, bases de dados de acesso público e similares.