Contemplação e Maravilhamento: limites da causalidade em Platão, felicidade e prazer em Aristóteles, transcendência e emanação em Plotino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24277/classica.v31i1.618

Palavras-chave:

Contemplação, Platão, Aristóteles, Plotino.

Resumo

Os variados contextos históricos e intelectuais nos quais o termo contemplação (theōría) se apresenta no mundo antigo propiciam diferentes entendimentos sobre as relações entre os discursos filosóficos, místicos e religiosos. A investigação das causas – aitíai – e das coisas em si – ousíai – pode ser avaliada por meio de algumas noções a respeito do ato contemplativo em autores selecionados. Desta maneira, revisam-se algumas premissas das implicações filosóficas da noção de contemplação a partir de textos específicos de Platão, de Aristóteles e de Plotino. No primeiro, a relação entre os sentidos e a Ideia na formação das mais variadas epistêmai possui na theōría a sua base de argumentação, tornando manifesta a expressão do Bem, conforme a Alegoria da Caverna na República e a inexpressabilidade da ousía na Carta VII salientam. No caso aristotélico, a contemplação se assemelha a um princípio unificador, pelo qual conhecimento, prazer, felicidade e aplicações éticas se relacionam e encontram sua sustentação. No pensamento de Plotino, o desejo por transcendência, a partir da contemplação do Bem e da emanação do Uno, encontra-se presente em todos os seres. Conclui-se, durante esta breve exposição da noção de contemplação nos três autores supracitados, que o princípio de causalidade, implícito e explícito em suas discussões metafísicas, possui em si algo evasivo, o qual somente pode ser eliminado por um sentimento que integre elementos distantes das ambições técnicas. Tais constatações, portanto, enfatizam a imperativa investigação do maravilhamento para o pensamento humano.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Jean Felipe de Assis, UFRJ

    Doutor em Filosofia e História das Ciências

    Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ 

Referências

AFAKI, Abdul Rahim. The Cave, the Lifeworld and the Traditions: The transcendence-Immanence Contrast Perspective. In: TYMIENIECKA, Anna-Teresa (Ed.). Phenomenology of Space and Time: The Forces of the Cosmos and the Ontopoietic Genesis of Life. Hanover: Springer, 2014, p. 111-134.

ARISTOTLE. The Metaphysics. The Loeb Classical Library. Cambridge: Harvard University Press, 1933-1935.

ARISTOTLE. The Nicomachean Ethics. Cambridge: Harvard University Press, 1934.

ARP, Robert. Plotinus, Mysticism and Meditation. Religious Studies, v. 40, n.2, p. 145-163, 2004.

BAILLY, A. Abrégé du dictionnaire Grec Français. New York: French and European Publication Inc., 1969.

BENACERRAF, Paul. Mathematical Truth. The Journal of Philosophy, v. 70, p. 661-679, 1973.

CHUDNOFF, Elijah. What Intuitions are Like. Philosophy and Phenomenological Research, v. 82, n.3, p. 625-654, 2011.

CLAY, Diskin. Platonic Questions: Dialogues with the Silent Philosopher. University Park: Pennsylvania State University Press, 2000.

COOPER, John. Plato on Sense-Perception and Knowledge (“Theaetetus” 184-186). Phronesis, v.15, n.2, p. 123-146, 1970.

COTTINGHAM, John. Dicionário Descartes. Tradução: Helena Martins. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1993.

COTTO, A. K. Platonic Dialogue and the Education of the Reader. Oxford: Oxford University Press, 2014.

de VANN, Michel. Etymological Dictionary of Latin and other Italic Languages. Leidein: Brill Academic Publishers, 2008.

FESTUGIÈRE, A. J. Contemplation et Vie Contemplative Selon Platon. Paris: Libraire Philosophique J. Vrin, 1975.

GATTI, Maria Luisa. Plotinus: The Platonic Tradition and the Foundation of Neoplatonism. In: GERSON, Lloyd P. The Cambridge Companion to Plotinus. New York: Cambridge University Press, 1996, p. 10-37.

GLARE, P. G. W. Oxford Latin Dictionary. Oxford: Claredon Press, 1968.

GÖDEL, Kurt. The modern development of the foundations of mathematics in the light of philosophy (1961). In: Kurt Gödel, Collected Works, Volume III. New York: Oxford University Press, 1995, p. 375-387.

GÖDEL, Kurt. What is Cantor’s Continuum Problem? In: BENACERRAF, Paul; PUTNAM, Hilary (Ed.). Philosophy of Mathematics: Selected Readings. Cambridge: Cambridge University Press, 1983, p. 470-485.

GOLDSCHMIDT, Victor. Os diálogos de Platão, estrutura e método dialético. São Paulo: Loyola, 2002.

HEIDEGGER, Martin. Sobre a Essência do Fundamento. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1971.

HEIDEGGER, Martin. The Basic Problems of Phenomenology. Indianapolis: Indiana University Press, 1975.

HEIDEGGER, Martin. The way back into the ground of metaphysics. In: KAUFMANN, Walter (Ed.). Existentialism, from Dostoevsky to Sartre. New York: Meridian Books, 1960, p. 206-221.

HUSSERL, Edmund. A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

HUSSERL, Edmund. Logical Investigations vol 1. New York: Routledge, 2001.

HUSSERL, Edmund. The Basic Problems of Phenomenology: from the Lectures, winter semester 1910-1911. Dordrecht: Springer, 2006.

LIDDEL, Henry; SCOTT, Robert. A Greek-English Lexicon. Oxford: Clarendon Press, 1996.

LOPES, R.; CORNELLI, G. As chamadas doutrinas não-escritas de Platão: algumas anotações sobre a historiografia do problema desde as origens até nossos dias. Archai. As origens do pensamento ocidental, v. 18, p. 259-281, 2016.

MORA, Ferrater. Diccionario de Filosofía. Barcelona: Editorial Ariel, 2004.

NICHOLSON, Graeme. The Ontological Differerence. American Philosophical Quarterly, v. 33, n.4, p. 357-374, 1996.

NYVLT, Mark. Aristotle and Plotinus on the Intellect: Monism and Dualism Revisited. Lanham: Lexington Books, 2012.

PERINE, Marcelo. A recepção da Escola Tübingen-Milão no Brasil. Archai. As Origens do Pensamento Ocidental, v. 6, p. 27-33, 2011.

PLATÃO. A República. Introdução, tradução e notas Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

PLATÃO. Carta VII. Tradução José Trindade Santos e Juvino Maia Jr. São Paulo: Edições Loyola, 2013

PLATÃO. Fédon. Tradução Carlos Alberto Nunes. Belém: Ed. UFPA, 2011.

PLATO. Completed Works. COOPER, John (Ed.). Indianapolis: Hackett Publishing Company, 1997.

PLOTINO. Enéada III.8 [30]: sobre a Natureza, a Contemplação e o Uno. Introdução, tradução e comentário: José Carlos Baracat Júnior. Campinas: Unicamp, 2008.

PLOTINUS. The Enneads. London: Faber and Faber, 1962.

RIST, John. Monism: Plotinus and Some Predecessors. Harvard Studies in Classical Philology, v. 69, p. 329-344, 1965.

RORTY, Amelie. The Place of Contemplation in Aristotle’s Nicomachean Ethics. Mind, New Series, v. 87 n. 347, p. 343-358, 1978.

SILVERMAN, Allan. Plato on Perception and ‘Commons’. The Classical Quarterly, v. 40 n. 1, p.148-175, 1990.

SOARES, Lucas. Perspectivism, Proleptic Writing and Generic Agon: Three Readings of the Symposium. In: CORNELLI, Gabriele (Ed.). Plato’s Styles and characters: Between Literature and Philosohy. Göttingen: Walter de Gruyter, 2016.

ZELLER, Eduard. Plato and the Older Academy. London: Longmans, Green and Co., 1888.

Downloads

Publicado

2018-08-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Assis, J. F. de. (2018). Contemplação e Maravilhamento: limites da causalidade em Platão, felicidade e prazer em Aristóteles, transcendência e emanação em Plotino. Classica - Revista Brasileira De Estudos Clássicos, 31(1), 43-59. https://doi.org/10.24277/classica.v31i1.618