Eloqüência, liberdade e educação no Dialogus de oratoribus
DOI:
https://doi.org/10.24277/classica.v19i1.106Palavras-chave:
Dialogus de oratoribus, Tácito, retórica, eloqüência, liberdade, educação romana, política romana.Resumo
Visa o trabalho trazer à consideração de hoje idéias e fatos selecionados no Dialogus de oratoribus, de Tácito, como auxílio ao melhor entendimento do signi?cado da maior ou menor liberdade de ser e expressar-se, consoante o sistema político e o educacional, bem como da atuação da eloqüência nessa liberdade. A oratória tida por decadente na época de Tácito, embora vista ainda como arte de proteção e salvação é raramente, quase a medo, tratada à luz da política dominante. A educação falha e a “paz” política seriam as causas dessa decadência na época imperial. Na visão romana, a liberdade propriamente dita, a absoluta libertas, depende inicialmente dos educadores. A liberdade está também condicionada ao grau de conhecimento, em cuja área a persuasão “democrática” da eloqüência pode licitamente agir, e a uma política capaz de respeitar essa liberdade. No Império, a eloqüência não se suicidaria, ousando contra o príncipe. Daí que, no dizer de Syme, a oratória que sobrevivia então era o “modelo da eloqüência forense dos acusadores, aquela eloqüência que jorrava sangue e tresandava a ganhos ilícitos”. As escolas tinham nisso parte grande, em virtude da super?cialidade da educação na época. Tendo vivido e vivendo sob a pressão dos imperadores, embora deixe entrever sua angústia, Tácito acomoda-se para sobreviver, mas descobre uma maneira de ensinar a verdade, narrando o que aconteceu no passado, porque a maior parte das pessoas aprende com o que acontece aos outros (plures aliorum euentis docentur).
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