Resenhas Críticas
ROMERO RECIO, Mirella; SALAS ÁLVAREZ, Jesús; BUITRAGO, Laura (ed.). Pompeya y Herculano entre dos mundos. La recepción de un mito en España y América. Roma: “L’Erma” di Bretschneider, 2023. 370 p.; Brossura, 17 x 24 cm. (Hispania Antigua. Serie Histórica, 13). ISBN 978-88-913-2820-5. DOI: 10.48255/9788891328229
ROMERO RECIO, Mirella; SALAS ÁLVAREZ, Jesús; BUITRAGO, Laura (ed.). Pompeya y Herculano entre dos mundos. La recepción de un mito en España y América. Roma: “L’Erma” di Bretschneider, 2023. 370 p.; Brossura, 17 x 24 cm. (Hispania Antigua. Serie Histórica, 13). ISBN 978-88-913-2820-5. DOI: 10.48255/9788891328229
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos, vol. 36, pp. 1-4, 2023
Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos
Recepción: 18 Agosto 2023
Aprobación: 24 Octubre 2023
O presente livro é resultado do projeto de pesquisa “RIPOMPHEI – Recepción e Influjo de Pompeya y Herculano en España e Iberoamérica (1738-1936)”, desenvolvido na Universidade Carlos III de Madri entre 2019 e 2022, e recolhe as conferências do Colóquio internacional “Pompeya y Herculano entre dos mundos. La recepción de un mito en España y América”, ocorrido em Madri entre 8 e 10 junho de 2022; o qual contou com a participação de pesquisadores do Chile, Colômbia, Brasil, Espanha, Itália, México e Porto Rico.
A obra inicia-se com uma apresentação, com título homônimo do livro, na qual os editores dão o escopo do projeto de pesquisa, que orientou tanto o colóquio quanto o livro. Constatando que as descobertas arqueológicas de Pompeia e Herculano foram fonte de inspiração na arte, na literatura, no cinema etc., eles ressaltam que o projeto de pesquisa demonstrou que essas cidades foram recebidas e apropriadas tanto na Espanha quanto nos países americanos, fato que pode ser rastreado através de diferentes fontes, como periódicos, diários de viagem, obras de arte, romances, peças de teatro, óperas, filmes e muitas outras.
Na sequência, vêm 18 capítulos organizados em cinco seções temáticas, como seguem:
I – Experiencias personales en las ciudades vesubianas. viajeras y viajeros entre dos mundos
“Pompeya y Herculano en el diario de viaje del cubano Eusebio Guiteras Font (1823-1893)”, por Federica Pezzoli, indaga o diário de viagem com o objetivo de mostrar sua vinculação com as mudanças no âmbito educativo em Cuba que teve papel importante na criação de uma classe média admiradora do mundo clássico e de sua civilização.
“Pompeya en la experiencia de un intelectual chileno: impresiones de Benjamín Vicuña Mackenna (1871)”, por María Gabriela Huidobro Salazar, aborda uma carta na qual ele faz afirmações sobre as similitudes e diferenças entre a cultura chilena e o mundo romano, refletindo sobre a identidade social chilena e suas raízes culturais.
“El mundo que yo vi: viajeras americanas em Pompeya y Herculano (1853-1908)”, por Laura Buitrago, analisa três diários de viagem de mulheres latino-americanas, cujas descrições demonstram notável conhecimento da antiguidade clássica.
“‘Demasiada felicidad’. El viaje a Pompeya y Herculano del pintor José Manaut Viglietti”, por Mirella Romero Recio, explora a documentação escrita do pintor com o objetivo de mostrar como o contato que teve com essas cidades o cativou e lhe deixou uma marca profunda.
II – Relatos entre dos mundos: la labor de la prensa americana en la recepción y difusión del mito pompeyano
“Ilustrando al lector chileno. Pompeya y Herculano en la revista Zig-Zag a principios del siglo XX, por Carolina Valenzuela Matus, examina as notícias e reportagens da revista sobre Roma e Pompeia visando a demonstrar como contribuíram para a recepção dos estudos clássicos no Chile.
“Pompeya y el Vesubio en la prensa del Rio de Janeiro (1870-1889)”, por Renata Senna Garraffoni, aborda, primeiramente, a historiografia sobre a imperatriz Teresa Cristina com vistas a destacar o seu papel no estabelecimento do campo Arte e Arqueologia clássica no Brasil e o papel da cultura material nesse processo. Em seguida, pondera sobre o lugar da imprensa carioca nos debates políticos e como múltiplas percepções sobre Pompeia aparecem em periódicos no interior de discursos sobre beleza, moral e ciência.
“Pompeya en la Belle Époque hispanoamericana”, por Ricardo Del Molino García, parte da decoração da Casa Dorada de Tarija, na Bolívia, para refletir sobre o estilo pompeiano na América latina durante o período da Belle Époque.
III – Arte entre dos mundos
“Antigüedad y esclavitud en la pintura estadounidense del siglo XIX: La Pompeya de Robert S. Duncanson”, por Daniel Expósito, descreve uma pintura de Pompeia feita pelo artista à luz de sua biografia com a finalidade de compreender sua visão sobre a mística da cidade.
“Séneca, Tácito y el pompeyismo en una pintura de Manuel Domínguez”, por Cristina Martín Puente, aborda a recepção de Sêneca e Tácito na obra artística desse pintor.
“¿Imaginamos Pompeya? El interés del yacimiento vesubiano y su reflejo en la pintura española”, por María Martín de Vidales García, volta-se ao estudo da contribuição das cidades vesuvianas na construção do imaginário coletivo relativo a Pompeia na pintura espanhola.
“Nuevas reflexiones en torno a los dibujos y las pinturas supuestamente pompeyanas de Joaquín Sorolla”, por Ana Valtierra Lacalle, reflete sobre os desenhos e pinturas do artista espanhol com vistas a mostrar como ele incorporou em sua pintura muitos elementos “pompeianos” em seu estilo após sua viagem a Nápoles.
IV – Pompeya y herculano como modelos culturales de progreso
“Pompei ed Ercolano: l’influenza delle scoperte vesuviane dall’Europa agli USA”, por Rosaria Ciardiello, dedica-se ao impacto das descobertas vesuvianas nos EUA a partir do estudo de artistas, literatos, colecionistas, arquitetos e viajantes.
“‘Lo que esté pasando aquí, ningún Dios puede detenerlo’: Pompeya en la vida cotidiana de México”, por Elvia Carreño Velázquez, volta-se às recepções das descobertas arqueológicas no México, onde criaram um elo entre a cultura clássica e a sociedade atual.
“Pompeya en la vida cultural de México: Dos momentos clave”, por Aurelia Vargas Valencia, dedica-se à recepção da cultura clássica no México a partir da presença de Pompeia em sua arte e cultura.
V – La recepción entre dos mundos: de la arqueología en archivos a la investigación en la era digital
“El mito historiográfico de las ciudades intactas tras la erupción del año 79: Herculano, Pompeya y Estabia”, por María del Carmen Alonso Rodríguez, escrutina a documentação conservada das escavações para questionar o mito historiográfico das cidades intactas.
“El conocimiento y difusión de los descubrimientos en Pompeya y Herculano durante el s. XIX a partir de la documentación conservada en las instituciones españolas”, por Jesús Salas Álvarez, investiga, com base em notícias publicadas na imprensa e em obras publicadas por intelectuais e instituições museológicas, o aumento do conhecimento e do interesse da sociedade espanhola por Pompeia e Herculano.
“Pompeya, Herculano y la Antigüedad clásica en el archivo personal de los Madrazo”, por María Eugenia Cabrerizo Barranco, analisa o arquivo pessoal dos Madrazo, uma dinastia de artistas que dominaram o panorama cultural do século XIX na Espanha, com a finalidade de verificar a relação deles com a Antiguidade clássica representada por essas cidades.
“Ripomphei y las Humanidades digitales en la Biblioteca de la Universidad Carlos III de Madrid”, por Mar Bujalance-Pastor, Inmaculada Muro-Sabías e Lola Santoja-Garriga, apresenta a plataforma digital do projeto Ripomphei no âmbito da Humanidades digitais (https://humanidadesdigitales.uc3m.es/s/ripomphei/page/inicio_rimpophei).
Esses 18 capítulos formam, portanto, um conjunto coerente com o tema e escopo do livro, visto que todos os autores construíram seus textos a partir da análise de um ou mais dos variados meios delineados no projeto de pesquisa com vistas a demonstrar a recepção e a apropriação de Pompeia e Herculano tanto na Espanha quanto nos países americanos.
Assim sendo, a afirmação dos editores na apresentação de que o livro traz “um estudo inovador em relação à recepção de Pompeia e Herculano na Espanha e América” é plenamente justa.
Boa leitura!